terça-feira, 27 de novembro de 2012

Visita a Livingstone


Para aproveitar uns dias de descanso que me concederam, aproveitei para ir a Livingstone e ver as tão famosas Cataratas Victoria. Para ir para Livingstone tinha que ir de autocarro e para isso precisava de ir a Mongu. Aproveitando uma boleia de uns tipos aqui do parque que precisavam de ir a Mongu na 4ª feira passada, aí fui eu.

Elefantes nas margens do Zambezi em Livingstone

De Mongu a Livingstone são apenas 530 kms, no entanto a estrada é tão má, que só há um autocarro por semana e demora dois dias a lá chegar... passar 48 horas num autocarro mais velho que sei lá o quê por estradas do inferno, não me pareceu uma boa ideia, pelo que decidi ir para Livingstone via Lusaka, um caminho de 1100km mas que demora bem menos tempo... Claro que nem tudo é perfeito e os autocarros expresso (pelo menos os que apanhei) são uma espécie de igreja maná sobre rodas... se não és católico ou lá o que é, ficas a ser à força: horas e horas num autocarro com videos de missas ao bom estilo da igreja universal, coros de igreja, por aí fora... houve um autocarro que apanhei que antes de o autocarro arrancar levas com um padre a dar missa dentro do autocarro que te lixas! Devia ter levado uma t-shirt a dizer “I love satan” só para chatear...

Finalmente vi crocodilos como deve ser quanto arrotava 60$ num cruzeiro com jantar no Zambezi
Na estação de autocarros de Lusaka, um espaço aberto onde quaisquer semelhanças com uma lixeira a céu aberto são pura coincidência, decidi fumar um cigarrito enquanto esperava pelo autocarro, nisto aparece-me um polícia à frente a dizer que fumar ali era proibido e que tinha que o acompanhar à esquadra. Dentro da esquadra, um espaço minúsculo com mais dois polícias lá dentro e um cheiro no ar que era um misto de suor e mijo, dizem-me que tenho que pagar uma multa de 450.000 Kwachas (90$), peço-lhes imensa desculpa dizendo que não fazia a mínima ideia e que não há sinais absolutamente nenhuns a dizer que é proibido fumar, a resposta não podia ser pior: “se não paga a multa fica detido”. “Wow! O quê?” Tentei explicar que era um turista e que não sabia as regras dali e que tinha um autocarro para apanhar em 30 minutos e que não podia estar ali mais tempo... o cabrão nem truz nem muz... até que lhe disse que só tinha 50.000K comigo... claro que olharam uns para os outros e claro que aceitaram o soborno... saí dali o mais depressa que pude e enfie-me logo no autocarro.

Livingstone a comparar com as outras cidades que tenho visto aqui na Zâmbia é bem mais arrumadinha e limpinha, não fosse o local mais turístico de todos. Tudo ali é virado para o turismo, centenas de gajos na rua a impingirem óculos escuros, estatuetas, pulseiras, brincos, tudo e mais uma coisa... e que chatos que são! Mesmo nas lojas, não se consegue estar um segundo a olhar para as coisas sem que venha um gajo agarrar-te no braço e fazer-te ver as coisas que ele quer... marketing mais agressivo não há, o que eles não percebem é que isso só tira a vontade de comprar o que quer que seja.

Babuínos no catanço em Victoria Falls
Mas como qualquer sítio virado para o turismo tudo se paga e bem! Há imensa coisa fixe para se fazer em Livingstone, desde que tenham uma carteira a transbordar dinheiro. Eu bem que gostava de ter feito rafting... mas pagar 160$ pareceu-me um bocado exagerado. Até para se ver as cataratas é preciso pagar 20$ e se quiseres dar um passeio por uma zona das cataratas e vê-las um bocado melhor pagas mais 40$... fiquei-me pela vista de longe, isto de ser voluntário não dá para grandes gastos. Para ajudar a coisa, apercebi-me que não conseguia levantar dinheiro o que exigiu uma gestão apertada do pouco dinheiro que tinha comigo.
Apesar de no início estar apreensivo quando cheguei ao hostel por estar sozinho, rapidamente dei por mim a divertir-me com americanos, brazileiros, alemães e japoneses. O que fez com que não tivesse passado praticamente tempo nenhum sozinho em Livingstone e aproveitado para socializar como já não fazia desde que saí de Portugal!

Hipopótamos no Zambezi

No regresso... o autocarro atrasou-se, só chegando a Mongu às 17:30. Para ir para Kalabo de carro é preciso atravessar o Zambezi numa especie de ferry, no entanto o ferry fecha às 18 horas. Ou seja, à hora que cheguei ninguém me podia ir buscar de carro de Kalabo e sem dinheiro no bolso o que é que ia fazer em Mongu durante a noite? Uns quantos telefonemas depois e lá havia a hipótese de ficar em Mongu numa residencial de um bacano amigo de um tipo de Kalabo e fazia-se o pagamento depois... epah... mas eu queria mesmo era ir para Kalabo, pelo que decidi tentar de qualquer forma: Fui até à estrada que vai para o ferry e lá consegui apanhar boleia de um tipo até ao rio. No rio o tipo falou com uns pescadores que me levaram à outra margem numa canoa artesanal a troco de dois punhados de amêndoas que tinha comigo.
Que descanso, o caos das cidades africanas já tinha ficado para trás. Já do outro lado, enquanto esperava pela minha boleia para Kalabo, juntei-me a uma família de vendedores à beira rio que estavam a acabar o jantar à fogueira e aproveitei para admirar o Zambezi à noite banhado pelo luar. Não me importava que a minha boleia demorasse, ali estava em paz.
Victoria Falls - Numa época onde a quantidade água é das mais baixas do ano...

1 comentário:

  1. Olá Homem das mil e aventuras! Está tudo bem contigo querido sobrinho,nós estamos bem.Isso aí e de tirar a respiração com as peripécias que te aconteceram. Apesar de tudo,pensa que são aprendizagens e lá diz o velho ditado "o que não nos mata torna-nos mais fortes". As fotografias estão belíssimas, beijinhos e tudo a correr bem, saudades e um grande abraço.

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